domingo, 12 de julho de 2009

EXISTE UMA FERA À SOLTA; E MUITO MAIS VORAZ!

Devocional de nosso boletim semanal do dia 12/07/2009.

 

Este título aparentemente demonstra ser o título de algum filme de terror ou alguma história cheia de suspense ou perigo, mas não é disso que ele está tratando.

Está sendo difícil para a sociedade do século XXI reconhecer ou considerar uma força que se propaga e paira despercebidamente em seus dias. E essa força está encontrando espaço em todos os lugares: na família, na escola, no trabalho, no governo, nos pequenos grupos e, por incrível que pareça, ela também tem conseguindo o que não deveria: gerar influências negativas nas igrejas visíveis e invisíveis nesta era.

Por ser uma força que trafega entre nós de forma despercebida e, quando identificada, é simplesmente tratada como sendo algo comum em um mundo globalizado, a única resistência que ela deveria encontrar seria na união e comunhão do Corpo de Cristo. Isso porque o Corpo unido possui uma capacidade que não vem de si mesmo, mas Daquele que o alistou (cf. 1Timóteo 2:4b), de subjugar essa “fera” e, por que não, de bani-la de nossa sociedade. A Igreja do Senhor Jesus deveria fechar todas as possibilidades de manifestação do poder dessa “fera” que, pouco a pouco, vai consumindo a mente e o coração de crianças, jovens e adultos, cativos por este mundo perdido. Mas, infelizmente, não é isso o que vem ocorrendo!

Para vencermos essa “fera”, precisamos recorrer a algo que foi nos dado gratuitamente e sem quaisquer distinções. Algo que, através do seu efeito benéfico, pode exercer sobre o ser humano um novo modo de vida e transformá-lo em uma nova criatura, filho de uma Fonte transbordante de graça e paz. Seria algo que, se bem cuidado e zelado por aquele que a recebe, o tornaria forte o bastante para suportar as mazelas deste mundo e para resistir às investidas desta “fera” que esta à solta.

Você pode estar se questionando sobre qual “fera” eu me refiro ou qual o nome da mesma. Seria fácil demais dizer o seu nome, ou o que já se tem sido feito (e não tem sido muito) para que conter o seu ataque avassalador. Mas o meu objetivo é fazer com que você leitor, seja motivado a refletir juntamente comigo, qual seria o nome desta “fera” que a cada dia tem separado as pessoas.

Em princípio quero apontar três testemunhos diferentes, que ocorreram no cenário de acontecimentos históricos, para refletirmos e tentarmos encontrar junto à resposta que buscamos:

1. Madre Teresa. Nascida na Iugoslávia, ela partiu para a Índia quando tinha apenas 17 anos de idade. Então, após cerca de vinte anos ensinando, ela desistiu da sua profissão a fim de servir aos mais pobres dentre os pobres de Calcutá. No mesmo ano (1948), tornou-se cidadã indiana, e dois anos mais tarde fundou a sua nova ordem, a dos “Missionários de Caridade”. Assim a Índia foi seu lar por mais de sessenta anos. Portanto, sua vida representou a autêntica voz e visão do Terceiro Mundo. Isso porque hoje as pessoas vivem sedentas de amor e de compreen­são (que é a única resposta para a solidão), e convivem com a enorme pobreza e com o brutal individualismo. Indo a Inglaterra, América e Austrália, Madre Teresa detectou não existir fome de pão. Em vez disso, constatou que havia gente sofrendo de solidão, de um terrível desespero, de um ódio terrível, sentiam-se indesejadas, inúteis e sem esperança. O motivo era que cada vez mais o mundo está alheio à necessidade humana e apegado ao individualismo. Essas pessoas esqueceram o que é sorrir, esqueceram a beleza do toque humano. Estão esquecendo o que é o amor humano. Elas precisam de alguém que as compreenda e respeite, e não as coloque mais ainda à margem da sociedade.

2. Bertrand Russell. Brilhan­te matemático, filósofo e ateu descompromissado. Ele escreveu com emocionante candura no prólogo de sua au­tobiografia: Três paixões simples, mas irresistivelmente fortes, têm governado a minha vida: o anseio por amor, a busca de conhecimento e uma insuportável compaixão pelo sofri­mento da humanidade, fruto de um mundo individualista. Estas paixões, como grandes ventos têm me atirado para cá e para lá, em um curso sem destino, sobre um profundo oceano de angústia, atingindo as raias do desespero. Eu busquei amor, primeiro, porque ele produz êxtase... Procurei-o, depois, porque ele alivia a solidão — essa terrível solidão que fragmenta a consciência da gente, que nós faz olhar por sobre as margens do mundo o frio e insondável abismo sem vida, sem saber com quem contar...

3. Woody Allen. A maioria das pessoas só vê nele um comediante (aliás, ele já vendia suas piadas à imprensa quando ainda estava no colégio), mas “dentro do comediante existe um trági­co”. Com todo o seu aclamado brilhantismo como escri­tor, diretor e ator, ele parece nunca ter encontrado, nem a si mesmo, nem a ninguém mais, por sofrer o flagelo de um mundo capitalista e individualista, completude da solidão. Em seu filme Manhattan (1979), ele satiriza as pessoas, dizendo que estas deveriam imitar os pombos, sendo assim mais fáceis de viverem juntas. Ele confessa que todos os seus filmes “tratam da maior de todas as dificuldades: as relações de amor”. Seu retrato biográfico é “vivo lutando, assim como muitos...”.

Aqui estão três pessoas de temperamento, convicções e experiências bem diferentes, mas que em suas histórias de vida, concordam com a mesma coisa, falam em nome daqueles que são devastados por esta “fera” que buscamos identificar.

O mundo persegue exatamente aquilo que não encontra por procurar em lugar errado. Ele busca amor em um mundo sem amor. E a Igreja que é detentora deste amor porque assim está em seu anúncio. Existe um Senhor, diante do qual todo devem se submeter: Jesus Cristo. E se reinar em sua Igreja, o mesmo oferecerá verdadeira comunhão; não uma comunhão que quer salvar indivíduos isolados – que através de suas ações perpetuam o que a “fera” que jaz nesse mundo faz como capricho – mas uma comunhão que cria uma nova sociedade que vem abolir os efeitos da separação: sexual, nacional e social e, no sentido mais sagrado, aos olhos de Cristo Jesus.

É trágico ver uma igreja que deixa de viver o que para ela foi formada: uma comunhão genuína em todo e qualquer ambiente que se fizer presente, minando assim, a indiferença e o individualismo (cf. Atos 2:42-47).

Não me precipito em dizer que não existam em um mundo diverso, cristãos comprometidos em encontrar e dar amor verdadeiro, sacrificial, atencioso e apoio mútuo para mudar a realidade em que vivem. Mas o que vemos são remanescentes diante dos interesses que movem esta Eclésia atual.

Afinal, quem realmente quer vencer esta “fera” que refere tudo ao próprio eu, tomado como centro de todo o interesse? Que é caracterizada por interpretar o mundo em função de si mesma, sem se pôr no lugar do outro ou adotar pontos de vista diversos dos seus, tornando-se, assim, um símbolo personalista que a coloca como antítese do coletivismo?

Para mim a vitória sobre essa “fera” acontecerá naturalmente se entendermos que ainda que com poucos gestos, pouco a pouco propagaremos a maior e mais intensa força da igreja: a “comunhão genuína”.

Pensem: qual o mal que nos assola?

“A raiz de toda constância está na consagração a Deus”.

Pr. Tito.

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