terça-feira, 1 de junho de 2010

O Caráter Cristão e dinheiro (Mt. 6.19-21)

Um dos pontos críticos no exercício do caráter cristão é a administração financeira, isto porque temos:
     - a pressão da sociedade consumista;
     - a falta de dinheiro proveniente do desemprego ou situações inesperadas;
     - a falta de dinheiro por causa da má administração do que se ganha;
     - o pseudo evangelho que promete riqueza em troca de dízimos e ofertas.

Nós, metodistas livres, temos em nossos princípios distintivos menções sobre finanças:
“Os Metodistas Livres são comprometidos com os ideais do Novo Testamento de modéstia e simplicidade como estilo de vida. Eles desejam chamar atenção, não para si mesmos, mas para o Senhor”.
“Crêem tão firmemente na missão da igreja que se comprometem a exercer mordomia responsável das suas finanças e por isso, não precisam recorrer a esforços comerciais para sustentar a obra de Cristo”

No texto lido não há proibição nem maldição alguma quanto às propriedades em si, nem quanto a economizar para dias piores, nem ainda quanto a desfrutar as boas coisas que nosso Criador nos concedeu.
Jesus proíbe o acúmulo egoísta de bens; uma vida extravagante e uma dureza de coração que não deixa perceber as necessidades das pessoas menos privilegiadas.

1 – Não acumular tesouros na terra (v.16)
1.1  –  Porque o dinheiro não é o fim em si mesmo.
Ele deve ser apenas um meio de prover nossas necessidades e se possível nos dar conforto razoável.
Caixão não tem gavetas e desta vida nada se leva.
O próprio Jesus afirmou isto em Lc 12.20,21: “Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus.”
1.2  – Porque o dinheiro é perecível
“...traça e a ferrugem corroem, os ladrões escavam e roubam.”
Ele pode acabar com uma enfermidade, com uma crise econômica, com uma demissão, com uma falência, etc...

2 – Acumular tesouro no céu
2.1  – Administrar nossos bens e esforços de modo relacionado com a eternidade: Ajudando o próximo; Investindo no Reino e não permitindo que as coisas terrenas sejam mais importantes que as eternas.
2.2   - Porque o dinheiro não traz felicidade. A falta do dinheiro traz complicações para qualquer família, mas o acúmulo dele não traz felicidade proporcional, chega um momento em que a correlação dinheiro X felicidade começa a ficar negativa.

3 – Onde está o tesouro, ali está o coração.
O coração segue o tesouro, assim como o girassol segue o sol. Onde está o nosso tesouro estão nossas aspirações, pensamentos, confiança e segurança.
O modo como empregamos nossos esforços e nossos bens revela  quem somos. Este é um dos motivos pelos quais muitas famílias estão se destruindo: as pessoas estão com o coração no dinheiro, acham que prover financeiramente é mais importante que prover emocional e espiritualmente sua família.

O que seria o tesouro no céu?
Desenvolvimento de um caráter semelhante ao de Cristo; aumento da fé, esperança e do amor; pois só esses permanecem.

Alguns mitos que devemos apagar na nossa doutrina:

1- Buscai e enriquecei:
Depois de ensinar contra o espírito de ansiedade, Jesus instruiu seus discípulos: “Buscai, pois em primeiro lugar...” (Mt 6.33). O que isso significa? Que aqueles que buscarem o Reino vão enriquecer?
As coisas que Deus haverá de suprir são coisas básicas, como o alimento, vestuário e quaisquer necessidades indispensáveis.
Buscar o Reino com a intenção de enriquecer apenas perverte a essência do mesmo Reino.

2 - Abandone e Ganhe!
“e todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna.” Mt 19:29
Jesus multiplicará nossas propriedades se O seguirmos? Se isso for literal ele multiplicará também nossas esposas e filhos... não é esse o sentido.
Quando nos tornamos parte do Seu reino, passamos a fazer parte da família de Deus. Descobrimos uma rede de irmãos, irmãs e pais no reino, que nos acolhem.
Aqueles que dizem que Deus multiplicará nossos bens materiais se abandonarmos todas as coisas em favor do reino, geralmente são aqueles que não abandonaram nem casas e nem terras.

3 – Dê dízimo e gaste o resto como bem entender
O dízimo pode tornar-se uma regra mecânica para justificar uma vida financeira em desacordo com a Palavra.
Os dízimos enfocam nossa atenção sobre o quanto damos, e não sobre o que nos sobra. Deus importa-se mais com o que retemos do que com o que damos.
Dar dízimo não exemplifica necessariamente boa mordomia, mas sim o modo como administramos e distribuímos o que nos sobra. A pessoa pode ser dizimista fiel e gastar o restante de modo que não glorifique o nome de Deus.

4 - Viver dentro do próprio orçamento
É errado crer que uma vida regalada é legítima se a pessoa pode sustentá-la. A idéia de viver dentro do orçamento sugere que os que possuem meios modestos devem seguir orçamento mais austero e aqueles que possuem mais podem consumir a vontade.  Os que possuem menos precisam viver dentro do orçamento, mas os que possuem mais não devem utilizar isto para viver o consumismo em desacordo com a Palavra.

5 – Enriquecer para dar testemunho
Alguns crêem que um padrão de vida elevado é necessário para que possamos testemunhar de modo eficaz às pessoas ricas. É a idéia que não podemos testemunhar àqueles que possuem Ferrari com um Fusquinha.
Se este for o conceito, então precisamos roubar para evangelizar os ladrões, nos prostituir para evangelizarmos as prostitutas, etc...  Esse conceito minimiza o poder do Evangelho e da ação do Espírito Santo que convence as pessoas do pecado, da justiça e do juízo.

6 – Somos Filhos do Rei
Outro desvio é a idéia de que, se somos filhos do Rei, devemos viver de maneira esplendorosa.
Nosso Rei Jesus jamais ensinou isto, ao contrário nos ensinou a vivermos vida simples e compartilharmos com os necessitados.

Quando administramos nossas finanças a partir da perspectiva do caráter cristão:
- Sabemos que tudo o que temos é propriedade de Deus, confiada à nós como administradores
- A misericórdia para com o próximo substitui o acúmulo de bens;
- Doações generosas substituem o consumo exagerado;
- Somos chamados a fazermos parte do grupo de Zaqueu, devolvendo o que ganhamos de modo fraudulento;
- Não gastamos mais do que ganhamos;
- Não gastamos o que ganhamos naquilo que não glorifica o nome de Jesus;
- Pagamos o que compramos; é possível sermos inadimplentes por motivos de força maior, mas nunca caloteiros.
- O jogo é contrário à fé em Deus que controla o mundo, não por acaso, mas por seu cuidado providencial. Ao jogo falta a dignidade de um salário e a honra de um presente, isto porque tira dinheiro do bolso do próximo sem uma justa paga.
- Tudo o que compramos ou vestimos reflete o nosso compromisso com Cristo e nosso testemunho para o mundo.

 

Pastor Alexandre

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